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um näo? A mais dura coisa que tem a vida 6 chegar ä pedir, e depois
de chegar a pedir, ouvir um näo. Vede o que serä? A lingua hebraica
que 6 a que fallou Adäo e a que mais naturalmente significa e declara
a essencia das coisas, chama ao negar o que se pede, envergonhar a
face. Assim disse Bersabö a Salomäo: »trago-vos, Senhor, uraa petigäo,
näo me envergonheis a face.« E porque se chama envergonhar a face
negar o que se pede? Por que dizer näo a quem pede, <5 dar-lhe uma
bofetada com a lingua. Täo dura, täo aspera, täo injuriosa palavra 6
um näo. Para a necessidade dura, para a honra affrontosa, e para o
merecimento insoffrivel.
A. Vieira
(Serm. II. 87).
Sciencia.
13. Os diamantes.
O processo contra o pretendido engenheiro Lemoine, por causa
de uma fingida maneira de fabricar o diamante, veiu despertar de
novo a atencäo sobre este curioso problema, que a chimica de acordo
com physica cogitam desde muito tempo e que parecia estar para
breve a ser resolvido, em vista das extraordinarias experiencias reali-
sadas por Moissan pouco tempo antes da sua morte e que constituem,
com o invento do forno electrieo um verdadeiro claräo de gloria que
envolve o nome jä d’antes venerado do sabio francez.
O diamante 6 como todos sabem de uma trabalhosa conquista
e, ao mesmo tempo, de uma dispendiosa empresa, para alcangal-o
livre e puro e a salvo de cubigas e confiscagöes, de accidentes e pre-
calgos, at6 que a operosa tarefa da lapidagem o apresente em todo
o esplendor do seu poder refringente e Ihe multiplique o valor, ainda
que diminuindo-o de peso.
Näo ha pois que admirar que o diamante seja de todos os
tempos o objecto de um desejo desenfreado, constantemente ambicio-
nado pelas suas maravilhosas qualidades physicas, que fazem d’elle
näo apenas um motivo de adorno futil, mas o tornam prestavel tambem
nos arduos emprehendimentos do progresso, rompendo as communi-
cagöes internacionaes atravez das mais duras rochas, nas pontas dos
trepanos que as perforam e ainda em diversas aplicagöes industriaes.
O diamante sabido 6 (jue representa na forma cristalina, mais
ou menos regulär, um dos mais importantes elementos chimicos espa-
lhados na natureza — o carbonico. Diz-se nesta forma chimicamente
puro, comquanto o näo possa ser em absoluto, pois que a sua
combustäo no oxygenio deixa um residuo solido avaliado em 1 I 000 e
talvez Yson do cristal destruido por este modo.
O precioso cristal arde pois no oxygenio e ä descoberta desta
notavel propriedade, que levou os chimicos ao segredo da constituigäo
delle ligam-se os nomes immortaes de Newton e Lavoisier. O dia
mante queimando-se naquelle gaz produz o anhydrico carbonico, pela