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coroo falsificadas: um chocolate que continha mistura de casca de
cacau; um chourigo com antisepticos e um vinho aguado.
Isto em Lisboa. Vejamos o que se passa no Porto. As estatisticas
publicadas pela delegaqäo, n’aquella cidade, da fiscalisagäo dos pro
ductos Agricolas däo-nos esclarecimentos preciosos. N’essa estatistica
6 feita jä essa descriminagäo: säo separados os productos avariados
dos falsificados. Ora desde margo de 1906 atö novembro do mesmo
anno foram colhidas 899 amostras de vinhos, azeites, leites, etc. Pois
sb 18 foram classificadas como falsificadas. E licito pois perguntar:
onde väo anichar-se essas combinagöes chimicas tenebrosas que pro-
duzem incessantemente os seus effeitos destruidores no organismo do
consumidor ?
2. As estatisticas estrangeiras säo extremamente mais car-
regadas do que as nossas.
Comparem-se essas estatisticas com as que nos veem lä de föra.
Comecemos pela Hespanha. Em 1902 foram analysadas no Labora-
torio Municipal de Madrid 344 amostras de leite, das quaes 305 eram
falsificadas, o que dä uma percentagem de 88'6. Em 1904 foram
analysadas no mesmo Laboratorio 273 amostras do mesmo producto
alimentar. Sö 23 föram consideradas como boas. Quer dizer, a per
centagem em falsificaqOes foi mais de 80. Em Paris o descaro da falsifi-
cagäo näo sobe täo alto, mas ainda assim faz-se o que se pode.. . .
Em 1899 analysaram-se no Laboratorio Municipal d’aquella cidade 422
amostras de leite. 279 foram condemnadas. Percentagem, portanto: 66'3.
Em 1902 analysaram-se, do mesmo genero e no mesmo Laboratorio
9995 amostras. D’essas amostras, 1586 foram condemnadas. Proporgäo
por cem : 16’7.
Em Lyon a percentagem 6 de 32’6; em Lille, de 29’7; no
Havre, foi em 1904—1905 de 15 com relagäo aos leites desnatados,
e em Toulon subiu a 27 quanto aos leites falsificados. Na Allemanha
as falsificaqöes näo säo menos abundantes. Em Berlim, a percentagem
6 de 3T4; no Hannover, de 30, e em Elberfeld, de 40'7. Em Jena
ate os proprios chimicos falsificam, o que näo b para admirar, tra-
tando-se d’uma pequenissima cidade onde ha mais doutores do que
habitantes. Em 1905, com effeito, föram em Jena condemnados um
chimico e o seu ajudante, por falsificapäo, a 250 marcos de multa
e a 100 dias de prisäo.
Vejamos agora o que succede na Suissa. Ahi 6 que näo poderä
haver falsificagöes, diräo os ingenuos. Pois ha, porque os homens,
ainda que suissos, näo säo santos, e por isso näo 6 para admirar que
em Baden, no anno de 1905, a proporpäo dos generös adulterados
fosse de 14°/ 0 , isto 6, muito superior ä de Lisboa. E em Berne essa
proporgäo subiu a 23’8%. Basta de estatisticas. Do que fica dito
conclue-se que os portuguezes, mesmo como falsificadores, säo falsifi-