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Infelizmente nem todas se deixam dmpulsionar por esta corrente
e fitam mais longe e mais alto os seus olhares perscrutadores, inqui-
-etos, ambiciosos. A mulher deseja libertar-se do jugo que ella imagina
ter-lhe sido at6 agora imposto; pretendendo ser equiparada ao homem,
senäo em todas as funccöes sociaes, pelo menos em algutnas d’aquellas,
a que se julga com absoluto direito. O suffragismo 6 um dos lemmas
que ella inscreve nos seus cartöes de protesto, de desforra e de rei-
vindicacäo.
Neste sentido alguns factos sensacionaes se teem ultimamente
evidenciado em dois paizes, que se podem considerar dos mais ade-
antados e dos mais liberaes do mundo. Em Paris, por occasiäo das
eleigöes municipaes, as mulheres concorreram audaciosamente ä urna
e agora em Londres um comicio monstro approvou com enthusiasmo
a representapäo ao governo para Ihes ser concedido o direito do voto.
Näo estranhamos, nem censuramos, porque a estranheza e a
censura säo sempre superfluas quando a forqa ou a novidade d’uma
idea se oppöe a toda a Sorte de obstaculos. E porque a gente ha de
admirar-se que a mulher entre em pleno exercicio do suffragio, quando
as damas inglezas, sobretudo na alta sociedade, formam ligas de in-
trepidas combatentes em favor d’este ou d’aquelle partido durante o
periodö eleitoral?
Aldm d’isso a propria historia da Inglaterra 6 a primeira a de-
monstrar que a mulher näo 6 destituida da capacidade politica. Os
reinados de Isabel e de Victoria foram dos mais prosperos e dos
mais gloriosos.
O que resta saber <5 se para aquelle paiz, ou para qualquer
•outro advirä alguma coisa de util com a ingerencia directa das mulheres
na administragäo publica. Se a abundancia dos politicos se con-
sidera jä prejudicial, o que serä quando a concorrencia feminina se
tornar effectiva? Viräo eilas acaso dar exemplos de moralidade, sane-
ando a corrupqäo que domina nas espheras do poder, ou apenas
augmentarä a desordem com a sua entrada na torre de Babel?
Ha por ahi algum vidente, que saiba responder a estas pergun-
tas, prognosticando as phases por que passarä o mundo sob o rcinado
das mulheres?
Se as mulheres estäo destinadas a ser a regeneragäo da urna,
seja-lhes permittido quanto antes o uso do voto!
(Diario de Noticias; 1° de Julho 1908.)
36. Influencia da economia domestica nos costumes e na
publica felicidade.
De todos os nossos habitos moraes nenhum embarga tanto o
progresso dos vicios, ou gera tantas virtudes como a economia
domestica; nem e difficil provä-lo.
Se entendermos, como devemos entender, pela palavra economia
domestica o gastar cada um prudentemente aquillo que tem, se