Full text: XI. Jahrbuch der Export-Akademie des K. K. Österreichischen Handels-Museums (11)

91 
A doqura que riiette n’alma a vista refrigerante de uraa jovem 
seara do Ribatejo nos primeiros dias de abril, ondulando lascivamente 
com a brisa temperada da primavera, — a amenidade bucolica de 
um campo minhoto de milho, ä hora da rega, por meados de agosto, 
a ver-se-lhe pullar os caules com a agua que lhe anda por pe, e ä 
xoda as carvalheiras classicamente desposadas com a vide coberta de - 
racimos pretos — säo ambos esses quadros de uma poesia tam 
graciosa e cheia de mimo, que nunca a dei por bem traduzida nos 
melhores versos de Theocrito ou de Virgiiio, nas melhores prosas de 
Gessner ou de Rodriguez-Lobo. 
A majestade sombria e solemne de um bosque antigo e copado, 
o silencio e escuridäo de suas moitas mais fechadas, o abrigo solitario 
de suas clareiras, tudo 6 grandioso, sublime, inspirador de elevados 
pensamentos. Medita-se alü por forqa; isola-s.e a alma dos sentidos 
pelo suave adormecimento em que elles cahein. . . e Deus, a etemidade 
as primitivas e innatas ideas do homem — ficam unicas xro seu 
pensamento ... 
Viscond.e de Almeida-Garrett 
(Viagens na minlia terra). 
49. Historinha dos bois de Thereza. 
Um d’estes dias, como eu estivesse accendendo um phosphoro 
da fabrica de galliza, reparei nas figuras da caixinha. Uia um camponez, 
embebendo n’um lenco as lagrimas do olho direito, e, com o biaqo 
esquerdo estendido cariciosamente a um boi, dizia em hespanhol. 
»Em vez de hijos tengo un buey, que me da grandes satisfacciones.«: 
A satyrica reforencia que os nossos visinhos däo a este distico näo 
a sei. 0 que se ve rnenos mal desenhado b um sujeito commovido a 
prantos, affagando um boi, que, ä mingua de filhos, lhe dä muita 
satisfacgäo. Isto, que näo e nada serio, nein era possivel sel-o n uma 
caixa de phosphoros gallegos, a mim tocou-me ii alma com singulär 
melaneolia, porque me trouxe ä lembranqa uma historia, que Antonio. 
Joaquim me contou, depois que almogamos em Vallongo. 
A liteira passou por entere uma grossa manada de bois que vinha 
para o Porto, com destino a Inglaterra. Os corpulentos e nedios ru- 
minantes caminhavam tristes, relanceando sobre a ruidosa locomotiva 
os seus magnificos e languidos olhos. Se as duas pessoas, que iam na- 
liteira, fossem gente pensadora, calculadora e versada em economias 
politicas e outras sciencias attinentes ä prosperidade das nagöes, entia- 
riam a discorrer sobre a conveniencia de mandarmos aos inglezes os 
bois gordos, e comermos os bois magros por alto preqo. Recordarramos 
espantados a estupidez de nossos paes que comiam bois gordos, 
muito em conta, e elles mesmos andavam gordos, e tinham 
muito dinheiro, sem mandar bois para Inglaterra, Da censuia 
ä ignorancia de nossos paes, passariamos ao elegio de nossos sabios 
contemporaneos, e dos magarefes, que aproveitam mais que os agrn
	        
Waiting...

Note to user

Dear user,

In response to current developments in the web technology used by the Goobi viewer, the software no longer supports your browser.

Please use one of the following browsers to display this page correctly.

Thank you.